domingo, 28 de agosto de 2011

O desabafo em Carta ao Pai


  Kafka, que já havia escrito suas célebres obras A metamorfose e O processo, porém que ainda não haviam recebido devido merecimento, dispõe em “Carta ao Pai” todas suas angústias e aflições em relação a seu conturbado convívio familiar. É uma obra emocionante, onde o escritor põe com palavras cruas e diretas todos ressentimentos de uma vida sem muitas alegrias, e, principalmente, suas profundas mágoas em relação ao pai, com quem teve uma relação conturbada e de imposições, culpas, amarguras, chegando a chamar o pai de “tirano”, “rei”, até comparando-o com “Deus”, dono do Universo onde apenas uma opinião importava – a sua própria. Assim Kafka viu, ao longo da infância conturbada, todas as admirações inerentes à um pai irem por terra, todos os seus anseios esmagados e diminuídos à uma insignificância que foram dando lugar à uma grande sensação de nulidade e amargura, fazendo crescer uma pessoa desiludida, sem coragem de dar prosseguimento aos projetos mais íntimos, vivendo na sombra de um pai ameaçador. Em sentimentos confusos, ora de culpa, ora de raiva, numa profunda autoanálise, Kafka ainda culpa o pai por ter tirado-lhe a chance de qualquer amor próprio e autoestima, o que resultou nos seus fracassos, inclusive o literário, em sua falta de escolhas e sua personalidade abatida e recuante. Para essa sua personalidade, o autor tenta justificar-se perante o pior dos tribunais – o paterno, fazendo-se estender diante do leitor todos severos erros cometidos pelo pai na educação do filho.

A carta foi escrita em mais de 100 páginas manuscritas, quando tinha então 36 anos e uma vida sem grandes motivações, revelando sentimentos da mais profunda angústia. Inicialmente, Kafka tinha a mesmo o intuito de enviá-la ao pai, com a intenção de fazer melhorar a relação entre os dois, porém esta nunca chegou ao destinatário, e não se sabe bem o porquê.

Hoje a Carta ao Pai tem um enorme valor literário, por seus caráter psicológico, pela análise do conflito, pela bela estética que ressalta a luta interior travada por Kafka – fazendo dele o próprio centro de sua obra.

Aqui, nessa breve apresentação, não é possível falar de todo sobre Kafka, principalmente porque sua vida é ainda hoje estudada e muito densa, revelando muitos aspectos mais profundos e fora de meu alcance, hoje, que são representados em suas obras com grande caráter autobiográfico, outro caráter relevante.

sábado, 27 de agosto de 2011

Downloads Tolkenianos

Relacionado com o post anterior, vou colocar o link para dois downloads: um, uma edição de "Aventuras de Tom Bombadil e outras Histórias" - eu não conheço estes tradutores, e não é pela Martins Fontes (tradicional). Mas não li, então não posso falar que são bons nem ruins. Deixo para que julguem sozinhos.

Outro, é um link para a 1º edição da Martins Fontes de Mestre Gil de Ham (esta história tbm tem no link anterior, mas são tradutores diferentes), que é um livrinho de história infantil mais ao estilo do Hobbit, muito gostoso.

Clique ali em download para ser redirecionado.
=]





E neste site, Galeria Tolkenianos, tem mais vários livros para download!!

Sejam felizes!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tom Bombadilo, Bom Bombadil

Edição Bilíngue
Tradutores: William Lagos e Ronald Eduard Kyrmse
Editora Martins Fontes
2010


A apresentação do livro começa com o prefácio, que discorre da origem dos poemas, a maioria proveniente do Livro Vermelho e escritos ou revisados por Bilbo ou Sam Gamgi. Dá uma breve introdução dos temas dos poemas, escridos sob forte influência dos acontecimentos  transcorridos no final da Terceira Era, e que empregam, muitas vezes, grande conhecimento geográfico e histórico, e que ainda abordam lendas de Gondor e tradições élficas da Segunda Era, ou ainda contos numenorianos dos dias heróicos do final da Primeira Era.
Estes versos de origem hobbitiana “trazem em geral duas características em comum. Apreciam o emprego de palavras incomuns e deartifícios de rima e de métrica em sua simplicidade. […] Também são, pelo menos superficialmente, alegres ou frívolos, embora às vezes possamos suspeitar, com certo incômodo, que pretendam significar mais que nossos ouvidos captam.”
Dos 16 textos, o Número 15 é o mais tardio, já percentence à Quarta Era, que foi inserido pois estava assinalado por uma mão desconhecida como “Frodo Dreme” [O sonho de Frodo], embora muito improvável que o próprio Frodo o tenha escrito, mas de suma importância, pois “o título demonstra que estava associado com os sonhos melancólicos e desesperados que o visitaram repetidamente nos meses de março e outubro durante seus últimos três anos”. Perturbação que, aliás, era comum de acontecer com os hobbits andarilhos; os que voltavam, ao menos, sempre se mostravam inquietos e pouco comunicativos.

Logo após, seguem-se as traduções. A de William Lagos, poeta, manteve-se fiel à métrica irregular do original, mas utilizando versos brancos, ou seja, sem rima, para a tradução acompanhar com o máximo de exatidão o original.
Já Ronald Kyrmse esforça-se na difícil tarefa (ainda mais tratando-se de Tolkien) de trazer a doçura dos versos Tolkenianos para o português, aliando seu profundo conhecimento do mundo e dos personagens à rima e à métrica.
Depois, somos abençoados com o texto original, que requer um bom conhecimento em inglês, às vezes não sendo o suficiente, já que Tolkien “inventava” palavras ou fazia outras derivações; mas ainda assim não deixa de ser delicioso e mágico, ainda mais para uma fanática (eu!), poder conhecer e imergir um pouquinho mais na história profunda e complexa com a qual nos vemos tão envolvidos.

Vou trazer pra cá um trecho de cada versão, lógico. Este poema, de 1933, introduz, além de Tom, a misteriosa Fruta d'Ouro, Salgueiro Homem e as Criaturas Tumulares.

     1.    As Aventuras de Tom Bombadill
 (Willian Lagos)

O velho Tom Bombadil era um sujeito alegre:
Sua casaca azul brilhante e suas botas amarelas,
Ele usava um cinto verde, seus calções eram de couro,
E trazia em sua cartola uma pluma de asa de cisne.
Morava ao pé da Colina, de onde o rio Voltavime
Corria de uma fonte na relva até um vale estreito.


           1. As Aventuras de Tom Bombadill
             (Ronald Kyrmse)
Bom Tom Bombadil era alegre, já se nota;
Azul claro o paletó, amarela a bota,
Verde é o cinto e de couro a calça;
No alto chapéu pena de cisne se alça.
Mora ao pé do Morro, onde o Voltavime
Do poço corre ao Covão, pra que o vale anime. 

 1. The adventures of Tom Bombadil
           (Tolkien)
Old Tom Bombadil was a merry fellow;
Bright blue his jacket was and his boots were yellow,
Green were his girdle and his breeches all of leather;
He wore in his tall hat a swan-wing feather.
He lived up under Hill, where the Withywindle
Ran from a grassy well down into the dingle.
   
Bem, estas são só as primeiras linhas. O restante, vocês descobrem!

A Delinquencia

 "A delinqüencia, então, encontra a sua razão de ser, o seu determinante em certas condições sociais dentro das quais é circunscrita a vida do indivíduo. A dificuldade econômica das populações, o analfabetismo e o embrutecimento moral que são a conseqüência lógica, a educação ao escravismo e a violência ensinada nos quartéis, nas escolas, nas igrejas, por meio de jornais, de livros, de orações ou de romances que exaltam a glória dos tiranos e assassinos, a tirania política, a exploração econômica, o embrutecimento religioso, exemplo constantes de todas as velhacarias e todas as baixarias que os governantes e padres oferecem sistematicamente ao povo: heis os fatores mais importantes se não os únicos da delinqüência, considerada de baixo de seus diversos e múltiplos aspectos" 

Oreste Ristori - La Battaglia, São Paulo, 04/12/1906 
                                                                                                            (Fonte: Romani, 2002, pág. 42)




...Puxa, achei que isso tivesse sido escrito ontem....




Do Antiautoritário, lá tem mais deste Anarquista..!..!



Dica

Dica da Fê, em clima de Legalidade:

O Beijo da morte


Nada a não declarar

Revoluções acontecem, aham. Até as menorzinhas, assim. Por isso mudei tudo.

Ficou bom???

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O sacrifício de cachorros na periferia de SP e a cachorrada humana, por Ezio Flavio Bazzo

   Bah, adoro ler o Ezio Flavio Bazzo. Sempre polêmico. Esse texto, claro, dá um pau na hipocrisia moral que hoje assola nossa sociedade no que tange às vidas animais não-humanas. Concordo plenamente, é o argumento-mor, e é a falha maior dos alfacistas.

Segue:

Difícil entender por que a mesma população que se arquejou de espanto e em vômitos com a descoberta de um matadouro clandestino de cães e de gatos na periferia de SP não está nem aí para os abatedouros públicos de vacas, cabras, porcos, galinhas, rãs, coelhos, faisões etc. Paradoxalmente, esses mesmos hipócritas que se escandalizaram com a natureza do negócio e com o tipo de carnificina são os mesmos que estão todos os dias em fila diante dos mercados e dos açougues para comprar peles, sangue e tripas de porcos, costelas de bezerros, coxas e corações de galinhas, miolos, fígado e língua de bois. Repito: para comprar pele, fígado e língua de bois! Ora! E, além disso, foi exatamente essa gentalha que fez escárnio e escândalo sobre o cardápio e sobre o canibalismo dos tupinambás! Outra hipocrisia, pois é evidente que quem come um pato laqueado seria capaz de comer uma criança laqueada. Que quem come um bode ou um porco no espeto, dependendo das circunstâncias, seria capaz de fazer um churrasco com um irmão, um primo, o pai ou um vizinho. Então, em quê os coreanos e os outros orientais que encomendavam e consumiam as carnes e as vísceras de cães e de gatos capturados nas ruas e assassinados, seriam mais bárbaros e mais desprezíveis do que os que devoram uma ou duas vacas por ano? Dez ou doze frangos por mês? Meio porco a cada fim de semana? Quilos e mais quilos de caranguejos a cada veraneio e dois ou três perus a cada natal? Até uma criança de cinco anos seria capaz de perceber que a voracidade patológica, a ausência de ética e o mau caráter desses personagens são exatamente os mesmos. Um idiota com quem conversava sobre o assunto me dizia: Mas não comer cachorro e nem gato é lei! Lei? A lei é mais desprezível ainda. Vejam o que diz o texto da tal lei: [Animais domésticos, aqueles de convívio do ser humano, dele dependentes, e que não repelem o jugo humano (e que não repelem o jugo humano) não podem ser criados para o consumo]. Ou seja: aquilo que não for domesticável pode ser devorado!

Campanha da Legalidade

      Estamos ouvindo falar dos 50 anos da Legalidade, movimento iniciado aqui no Rio Grande do Sul. Este foi um marco histórico pelo grande envolvimento da população na resistência. Quando da renuncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, esperava-se que o vice, Jango, assumisse, naturalmente. Porém este foi impedido pelos ministros militares, que eram contra, e Ranieri Mazzili, um de seus representantes, assume inteiramente a presidência. Este golpe militar desencadeia o movimento de resistência aqui no Rio Grande do Sul, iniciado e motivado por Leonel Brizola, o então governador do estado, defendendo a legalidade da posse de Jango, e que assegurou não aceitar “quaisquer golpes, não assistiremos passivamente quaisquer atentados às liberdades públicas e à ordem constitucional”. Brizola ainda pediu que “cada um” tomasse medidas contra o golpe e encerrou: “Defendemos a ordem legal, defendemos a Constituição, defendemos a honra e dignidade do povo brasileiro”. Foi instaurada a Rede Radiofônica da Legalidade, funcionando 24 horas nos porões do Palácio Piratini, contando com o apoio de jornalistas, radialistas e técnicos, e atingindo uma enorme popularidade, com Brizola mobilizando o povo e convocando o país a resistir ao golpe, em atitudes firmes e presença carismática.


    Assim, a Legalidade assegurou a posse de Jango e virou sinônimo de coragem, mas o levante também representava os anseios do povo por medidas democráticas e igualitárias. Nesse momento, as classes populares tiveram grande impacto e participação. Hoje, podemos olhar pra trás com dois sentimentos: orgulho, do movimento nascido no Estado e de grande repercussão, ou então uma grande vergonha, de termos abandonado completamente tal espírito de luta e capacidade, de hoje assistir injustiças e inúmeros golpes, porque não comparáveis ao de 61, num estado de inanição, imóveis, como se não tivéssemos uma mente capaz de pensar e um corpo capaz de lutar.


Este texto meu também foi publicado no Informol, honrado e glorioso jornal do curso de Química da UFRGS! É a informação em fentosegundos!

Mais infos: Blog da Campanha

Lançamento Negras Tormentas - Curitiba, Floripa e Porto Alegre.


Editora: Hedra
Ano: 2011
Páginas: 368

140 Anos da Comuna de Paris: debate de lançamento do livro "Negras Tormentas", de Alexandre Samis, em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre 

    Aproveitando o lançamento do livro "Negras Tormentas: o Federalismo e o Internacionalismo na Comuna de Paris", de Alexandre Samis, o Fórum do Anarquismo Organizado (FAO), Círculo de Estudos Libertários e Coletivo Quebrando Muros (Curitiba), Coletivo Anarquista Bandeira Negra
(Florianópolis) e Federação Anarquista Gaúcha (FAG), promovem um tour de lançamento do livro, com debate com o autor nas cidades de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.

Na sexta-feira, 26 de Agosto, a atividade acontece em Curitiba, na Reitoria da UFPR (R. Amintas de Barros - Centro - Prédio Pedro II - Anfiteatro 900), das 17h às 19h.

No sábado, dia 27, é a vez de Florianópolis. O evento contará com a apresentação do recém-criado Coletivo Anarquista Bandeira Negra e além do lançamento do livro de Alexandre Samis, haverá também o lançamento de "Além de Sindicatos e Partidos: Organização Política em Anton Pannekoek", de José Carlos Mendonça, publicado pela Editora Achiamé, com debate com ambos os autores. A atividade ocorrerá no Sindicato dos Bancários (R. Visconde de Ouro Preto, 308 - Centro), a partir das 17h.

Para fechar, na segunda-feira, dia 29, a partir das 18h30, ocorrerá o debate de lançamento do "Negras Tormentas" em Porto Alegre, no Ateneu Batalha da Várzea (Travessa dos Venezianos, 30 - Cidade Baixa).

Conforme colocado pelo professor Wallace dos Santos de Moraes na orelha do livro, a presente obra “deve ser saudada com uma grande festa, tanto pela comunidade acadêmica como pelos leitores em geral”. Ele continua: “O leitor do século XXI deve colocar três grandes questões sobre a Comuna de Paris: 1) Como foi possível realizá-la? 2) Como foi seu desenvolvimento? 3) Qual foi seu legado? A obra de Samis trata dessas questões de forma magistral, respondendo-as sempre no plural, isto é, chamando a atenção para os diversos fatores que influenciaram na possibilidade, na necessidade e nos resultados da eclosão da Comuna. Para além disso, aquele que se debruçar sobre a obra terá a oportunidade de conhecer a gênese desse episódio nos seus aspectos mais longínquos. Com efeito, o leitor é presenteado com o conhecimento da história política e social francesa do século XIX por meio da narrativa dos fatos, e também conhece o rico debate entre seus intérpretes. Ademais, a história da Associação Internacional dos Trabalhadores e o grande debate entre anarquistas, marxistas e outras correntes políticas são passados em revista. A partir destas discussões, a Comuna de Paris é inserida em seu contexto. É esse o grande mérito do autor, diferenciando-se de outros que a tratam por si mesma, como se tivesse nascido do nada. No livro de Samis, a eclosão da Comuna é vista como resultado de todo um acúmulo de lutas e questões sociopolíticas que estavam na ordem do dia na Europa no século XIX. Assim, o autor, com propriedade — apropriando-se do conceito de autoinstituição de Castoriadis –, nega que a Comuna tenha sido a última revolução plebeia e também a primeira revolução proletária. Ela é posta no seu devido lugar: como evento autônomo e coberto de idiossincrasias. Para o bem do leitor e da teoria, trata-se de uma pesquisa que discute muito mais do que aquilo que se propõe — e que é ainda mais abrilhantada pelo prefácio de René Berthier, francês e estudioso do tema.” Publicado nesse ano que marca os 140 anos da Comuna de Paris, Negras tormentas, “o livro, hoje”, considera Moraes, “é a principal referência sobre o estudo da Comuna de Paris já publicado no país”.

Alexandre Samis é Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e professor do Colégio Pedro II. É militante da Federação Anarquista do Rio de Janeiro e diretor do SINDSCOPE. Autor dos livros “Clevelândia: anarquismo, sindicalismo e repressão política no Brasil” (Imaginário/Achaimé, 2002) e “Minha pátria é o mundo inteiro: Neno Vasco, o anarquismo e o sindicalismo revolucionário em dois mundos” (Letra Livre, 2009).

Copiado descaradamente de Vida Operária. Gracias.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Diálogo

Amigo pergunta:  Nessa, como tu consegue ler tanto livro??


Respondo: Com os olhos!

Fractais

Fractais são tri massa!!
E algumas imagens, muito lindas, dá pra ficar horas em cima.

(imagens do google...)






 Fractais são estruturas geométricas de grande complexidade e beleza infinita, ligadas às formas da natureza, ao desenvolvimento da vida e à própria compreensão do universo.


                                                                           Estão ligados ao estudo da complexidade, que busca explicar diversos fenômenos naturais e  até da sociedade.

Naufrágios & Comentários: Resenha


        A história colonial da América é marcada por sangue, por conquistadores traiçoeiros, ameaçadores. Mas houve um singular homem que tentou a conquista por palavras gentis, a obediência pelo respeito e não pelo medo. Foi o aventureiro Cabeza de Vaca (1492 - ?), único entre os conquistadores que lutou a favor dos povos indígenas. Neste livro, temos a narração de suas aventuras América adentro, revelando os horrores infligidos aos índios, e fato do qual hoje parecemos orgulhosos ao exaltarmos em nossa completa cegueira nossas “terras conquistadas”. Com um realismo puro e uma linguagem típica da época, mergulhamos nas selvas e profundezas dos conflitos entre “civilização” e “selvagens”. Cabeza de Vaca e alguns fiéis companheiros fizeram fama entre os povos indígenas, pois os tratavam com bondade. Caminharam durante anos e chegaram a ser tidos como deuses e milagrosos, vagaram nus e famintos por meses, mas também foram presos e viveram sob clausura com uma tribo por anos. 

Edição da L&PM pocket


Mas é com tristeza com lemos a narração de conteúdo histórico, cheia de riquezas, de culturas que jamais poderemos presenciar; cheia de vida, e, ao mesmo tempo, um registro vergonhoso de nossa relação com os índios. É um preço que a humanidade vai carregar, é o sangue que jamais vai deixar de fluir nos rios. De Vaca tentava impedir esse massacre, mas ele mesmo acabou massacrado, no que era na realidade sua busca por iluminação, no doloroso abandono do pensamento de que o homem adquire força através do punhal e da adaga... Foi a prova de que um homem é capaz de mudar seu coração ao enfrentar a verdade, e passar a defendê-la como a própria vida, pois a vida do homem nada mais é do que a própria verdade.


“Para se entender o que significa não ter nada, é preciso não ter nada.”
(Cabeza de Vaca)

domingo, 14 de agosto de 2011

A obscuridade de Caravaggio

         Eu também gosto desta arte, a pintura, embora não conheça quase nada. Um carinha que adoro é Michelangelo Merisi de Caravaggio, ou simplismente Caravaggio. Conheci sua história através do livro A Corrida para o Abismo, que é fantástico e gigante. É um misto da vida do pintor, da qual muito pouco se sabe, com romance. O livro mostra todo processo da pintura de suas obras, sempre com contexto religioso (a Igreja só permitia esse tipo de pintura, na época, por volta do ano de 1600), mas Caravaggio chocou ao retratar aspectos sombrios, muitos temas de morte, cenas agressivas, e foi inovador neste tipo de pintura, com cores mais escurecidas e muitas sombras, e um realismo "surreal" nas expressões de seus personagens. Chegou a ser preso e ter a cabeça à prêmio por conta de seu estilo e suas críticas à Igreja, que eram postas através dos elementos religiosos (frutas, folhas de hera, vinho, etc) de forma transviada, e seu comportamento inaceitável perante autoridades e a sociedade (era homossexual e também vivia com prostitutas, cometeu assassinatos...). Teve que afinal fugir de Roma, até o seu final avassalador e chocante. Como foi dito, sua vida pessoal é um mistério, mas o que se sabe com certeza é que foi muito polêmico, muito excêntrico, e este livro em questão, de Dominique Fernandez, sabe retratar isso com maestria.
             Assim, lhes deixo algumas obras de Caravaggio:








Imagens do Google.

Cada pintura tem um contexto e uma história, geralmente bíblicos. Isso pode ser achado facilmente.  Hoje, elas encontram-se principalmente na Itália, seu país de origem. 


Livro que conta a história romanceada de Caravaggio. Eu tenho ele, mas nunca fiz uma resenha pra valer, pq acho meio complexo (e já faz tempo que li). É sensacional, mas uma leitura meio pesada.

Tirinhas Literárias 2


(tem MUITA moral, ainda mais neste Brasil hipócrita)



=]

Música também, e é Renato Godá.


sábado, 13 de agosto de 2011


“Aquí está Francisco Villa
com sus jefes y oficiales,
Es el que viene a ensillar
A las mulas federales.

Ora es cuando, colorados,
Alistense a la pelea.
Porque Villa y sus soldados,
Les quitarán la zalea!

Yá llego su amansador,
Pancho Villa el guerrillero,
Pa' sacarlos de Torreón
Y quitarles hasta el cuero!

Mulheres e até crianças aderiram à revolução mexicana.
Los ricos com su dinero
Recibieron una buena
Con los soldados de Urbina
Y los de Maclovio Herrera

Vuela, vuela, palomita,
Vuela em todas las praderas,
Y di que Villa ha venido
A hacerles echar carreras.

La Justicia vencerá.
Se arruinará la ambición,
A castigar a toditos,
Pancho Villa entró a Torreón.

Vuela, vuela, águila real,
Lleva a Villa estos laureles,
que ha venido a derrotar
a Bravo y sus coroneles.

Ora, hijos del Mosquito,
Que Villa tomó Torreón,
Pa' quitarles lo maldito
A tanto mugre pelón!

Viva Villa y sus soldados!
Viva Herrera com su gente!
Ya han visto, gentes malvadas,
Lo que pueden los valientes.

Ya com ésta me despido:
Por la Rosa de Castilla,
aquí termina el corrido
Del General Pancho Villa!”


Pancho Villa no cavalo


Poema dos camponeses, em improvisação numa noite de trégua, registrado por John Reed. 


  • Neste link [Mexican corridos], tem um pouco mais da história da revolução mexicana de 1910, e diversos corridos, como eram chamados estes poemas.

México Rebelde - os camponeses pegam em armas


         A situação mexicana era de caos e desordem. Generais confiscavam as terras e as administravam de seus próprios modos. Pobreza. Camponeses sem terras. Revolucionários, e entre eles, Pancho Villa.
         A Revolução mexicana de 1910 estava a toda quando John Reed, jornalista e revolucionário americano, foi enviado por um influente jornal para fazer a cobertura dos acontecimentos históricos.
John então convive com os mexicanos durante todo o desenrolar da revolução, e desnuda seus anseios por um país mais justo. Retrata a pobreza daqueles camponeses, que como uma última esperança, agarram-se na ideia da revolução e entregam seu sangue e vida por ela, em atos de coragem e amor aos companheiros, atirando-se em batalhas sanguentas e brutas como a ultima alternativa para uma vida mais digna.

Uma edição meio velhinha...
         Entre esses revolucionários, destaca-se a figura de Pancho Villa. Líder amado, outras vezes temido, mas fundamental para o sucesso dos camponeses. Ainda hoje Pancho é lembrado por suas táticas irreverentes de ataque, que teve de inventar pois nunca teve conhecimento de estratégia militar, e as abominava e desdenhava. Foi o inventor das marchas relâmpago da cavalaria e do ataque noturno no México. Atacava de forma sem precedente no país. Chegou a capturar um trem de carga dos federais, e mandava cartas ao general federal em nome do antigo comandante do trem, para não levantar suspeitas e atravessar uma grande distância com sua tropa. Chegou ao destino sem ser descoberto e fez um ataque totalmente inesperado. Em três anos, ele saiu da obscuridade e chegou à posição mais destacada do México. Mesmo assim, não tinha ganâncias para de tornar presidente, como muitos achariam normal. Dizia que um homem inculto não deve dirigir seu povo, que não saberia lidar com os homens do congresso, que não era educado e nem sabia ler. Reconhecia a falta de capacidade para o cargo: “sou um guerreiro, não um homem de Estado”. E era essa simplicidade e obstinação que fazem a figura de Pancho uma das mais notáveis que o México já lançou.


         Reed se dedica ao mostrar os caminhos políticos que o país estava levando. Faz isso com seriedade, e o mais importante, verdade. Mostra o ponto de vista da população, e luta com eles na frente de batalha, se entregando aos ideais dos mexicanos. Narra cenas de puro horror, homens despedaçados e ainda esperançosos. Tudo o que aquela gente queria era que a revolução vencesse, e era um sentimento profundo que se alastrou pelo país.  Em contrapartida, mostram-se um povo alegre nos momentos de “calmaria”, que enfrenta os problemas de frente, gente valorosa e de muito bom humor, que aproveitava as noites para fazer festa (e pelear, também) e apreciavam uma roda em volta da fogueira para cantar versos rimados de amor e revolução. O modo como eles acreditavam em Villa, no país e num futuro melhor às vezes emociona na narrativa de Reed, e a gente sente como se quisesse poder ter lutado também...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Revolução dos Bichos em animação

     Achei incrível essa animação (dos primórdios) do clássico de George Orwell, A Revolução dos Bichos. Gosto da obra por todo seu caráter, não a vejo como uma simples fábula, mas com um intenso contexto histórico e polítco (encontram-se materiais acerca fácil), e para mim, como vegetariana, vejo este ponto na obra também, o da libertação animal, embora este decaia, mais adiante, dando espaço às vulgaridades e falsidades do animal humano.









Bom proveito!

Da Utopia do tudo

A Utopia é como o horizonte numa caminhada de fim de tarde; sabemos que não podemos alcançá-lo, mas ele está lá, e é ele que nos faz avançar a cada dia.



Então não me digas que utopias não valem de nada.

Filme Vincent, de Tim Burton

Adoro Tim Burton, ele é genial. Este é o seu primeiro curta-metragem, em stop-motion, de 1982, com o personagem principal baseado no ator de terror Vincent Price, com insinuações de outra influência marcante para o cineasta, Edgar Allan Poe. O texto é muito poético e envolvente, ainda mais com a voz marcante do próprio Vincent Price, que narra esta história.

Deixo vocês então com Vincent:

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